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Anatomia e embriologia do trato genital feminino

Endocrinologia reprodutiva

Fisiologia menstrual

Anticoncepção

Amenorreia primária

Amenorreia secundária

Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

Síndrome pré-menstrual

Sangramento uterino anormal: fisiopatologia e quadro clínico

Sangramento uterino anormal: diagnóstico e tratamento

Miomatose uterina

Adenomiose e Pólipos uterinos

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Prolapsos de órgãos pélvicos (distopia genital)

Incontinência urinária

Síndrome da Bexiga Dolorosa (cistite intersticial)

Fístulas genito-urinárias

Embora o sexo cromossômico e genético de um embrião seja determinado na fecundação pelo tipo de espermatozoide que fecunda o óvulo, as características masculinas e femininas só começam a se manifestar a partir da 7ª semana. Inicialmente, os sistemas genitais em ambos os sexos são semelhantes, o que caracteriza o estágio indiferenciado do desenvolvimento sexual.

As gônadas, ou seja, os testículos e ovários, têm origem em três fontes distintas durante o desenvolvimento embrionário. A primeira fonte é o mesotélio, que é o epitélio mesodérmico que reveste a parede abdominal posterior. A segunda fonte é o mesênquima subjacente, que é o tecido conjuntivo embrionário. E, por fim, a terceira fonte é representada pelas células germinativas primordiais, que também contribuem para a formação das gônadas. Dessa forma, a origem das gônadas durante o desenvolvimento embrionário é multifatorial e envolve diferentes tipos de tecidos e células.

Os fatores genéticos controlam o desenvolvimento de órgãos, incluindo as gônadas, e programam o tecido de forma dependente de androgênio. A modulação ocorre por meio da síntese de esteroides endócrinos, parácrinos e autócrinos, e da modificação dos complexos receptores hormonais por outros reguladores.

Durante o desenvolvimento do trato genital, os ductos de Müller são responsáveis pela formação dos órgãos genitais internos femininos. No entanto, na presença de andrógenos, esses ductos são inibidos e sofrem atrofia. Além disso, há a produção do hormônio antimülleriano (HAM), que atua especificamente nos ductos de Müller, levando à sua regressão. Dessa forma, os ductos paramesonéfricos, também conhecidos como ductos de Wolf, se desenvolvem, originando os órgãos genitais internos masculinos. A ausência de HAM e a falta de andrógenos durante o desenvolvimento resultam na manutenção dos ductos de Müller, permitindo a formação dos órgãos genitais internos femininos.

No aparelho reprodutor feminino, mais especificamente nos ovários, os óvulos amadurecem para a fecundação por um espermatozoide. Se ocorrer a fecundação, o zigoto se instala no útero e cresce até o nascimento.

Os ovários são órgãos reprodutivos femininos que possuem formato e tamanho semelhantes aos de uma amêndoa. Sua função principal é o desenvolvimento dos oócitos, que são os gametas ou células germinativas femininas. Além disso, os ovários são glândulas endócrinas que produzem hormônios sexuais, incluindo estrógeno e progesterona.

Cada ovário é suspenso por uma curta prega peritoneal ou mesentério, o mesovário. Esse mesovário é uma subdivisão de um mesentério maior do útero, o ligamento largo. Essa estrutura proporciona suporte ao ovário e o mantém posicionado corretamente na cavidade pélvica. O suprimento sanguíneo do ovário é fornecido pelas artérias ovarianas, que se originam da aorta abdominal e se ramificam no mesovário. O nervo ovariano também passa pelo mesovário, fornecendo inervação ao órgão.

A túnica albugínea, cápsula de tecido conjuntivo que recobre a superfície do ovário em mulheres pré-púberes, é revestida por uma lâmina de mesotélio ovariano ou epitélio superficial (germinativo), constituída por uma camada única de células cúbicas. Tal estrutura confere um aspecto acinzentado e fosco à superfície do ovário, que contrasta com a superfície brilhante do mesovário peritoneal, sendo que ambas são contínuas.

Após a puberdade, há uma progressiva fibrose e distorção do epitélio ovariano superficial, devido à ruptura dos folículos ovarianos e à liberação dos oócitos. A fibrose é menos comum em mulheres que usam contraceptivos orais.

Os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos ovarianos entram e saem da face superolateral do ovário por meio do ligamento suspensor do ovário, uma prega peritoneal que se conecta ao mesovário do ligamento largo.

O ovário é ligado ao útero por meio do ligamento útero-ovárico curto, que une a extremidade proximal (uterina) do ovário ao ângulo lateral do útero, imediatamente inferior à entrada da tuba uterina. Esse ligamento é parte do mesovário, que é uma dobra dupla do peritônio que conecta o ovário ao útero. Além disso, o ovário é suspenso na cavidade peritoneal e não é coberto por peritônio, o que permite que o oócito expelido na ovulação passe para a cavidade peritoneal. Entretanto, sua vida intraperitoneal é curta porque geralmente é aprisionado pelas fímbrias do infundíbulo da tuba uterina e conduzido para a ampola, onde pode ser fertilizado.

As tubas uterinas, também conhecidas como trompas de Falópio, são estruturas tubulares localizadas em ambos os lados do útero. A principal função das tubas uterinas é capturar o óvulo liberado pelo ovário durante a ovulação e transportá-lo até o útero. Além disso, é o local onde ocorre a fertilização, quando o espermatozoide encontra o óvulo. As tubas uterinas também são importantes para o transporte dos espermatozoides desde o útero até o local de fertilização e para o transporte do embrião desde o local de fertilização até o útero, onde se implantará para se desenvolver em um feto.

A mesossalpinge é uma dobra do mesentério que se estende desde a parede lateral da pelve até a trompa uterina (ou tuba uterina), na qual se fixa. Portanto, a mesossalpinge faz parte do suporte das tubas uterinas. Além disso, a mesossalpinge contém vasos sanguíneos, nervos e tecido adiposo que irrigam e nutrem as tubas uterinas.

As quatro partes das tubas uterinas são: infundíbulo, ampola, istmo e porção intersticial ou intramural. O infundíbulo é a parte mais distal, com as fímbrias que capturam o óvulo após a ovulação; a ampola é a porção intermediária e é onde ocorre a fertilização; o istmo é a parte mais estreita, próxima ao útero; e a porção intersticial é a parte que atravessa a parede do útero e se conecta com a cavidade uterina.

As tubas uterinas são supridas por ramos das artérias ovarianas, tubárias e uterinas. A irrigação sanguínea é fornecida pela artéria tubária, que origina ramos da camada adventícia e da muscular da túnica media. A inervação das tubas uterinas é feita por fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas que acompanham as artérias e veias das tubas uterinas.

O útero é um órgão muscular em forma de pêra invertida, localizado no interior da pelve feminina. É composto por três camadas principais: o perimétrio, uma camada externa de tecido conjuntivo denso que o envolve; o miométrio, uma camada intermediária de tecido muscular espesso; e o endométrio, uma camada interna de mucosa que reveste a cavidade uterina. O útero é dividido em duas partes principais: o corpo, que é a porção superior, e o colo, que é a porção inferior e se estende até a vagina. A extremidade superior do útero é chamada de fundo. Há duas tubas uterinas que se conectam às extremidades laterais do útero.

O útero está posicionado em relação à bexiga de forma que a porção inferior da bexiga fica anterior e inferior ao colo do útero. Além disso, o corpo do útero encontra-se acima da bexiga e a parte superior da bexiga fica em contato com o fundo uterino. Essa relação de posicionamento pode ser observada em exames de imagem, como ultrassonografias pélvicas.

O útero normalmente é antevertido e antefletido devido à posição da bexiga, que exerce uma pressão sobre o fundo do útero, empurrando-o para a frente e para baixo, criando um ângulo entre o corpo do útero e o colo. Esse ângulo é chamado de anteflexão. Além disso, a conexão entre o útero e os ligamentos largos o mantém na posição anterior da pelve. Essa posição é considerada normal e saudável, mas em algumas mulheres pode haver uma variação na posição do útero, como a retroflexão ou retroversão, o que pode levar a sintomas como dor e desconforto.

O colo do útero é a porção inferior do útero que se projeta na vagina. Ele é constituído por tecido conjuntivo, músculos e glândulas. Na sua superfície há uma camada de células epiteliais que pode ser visualizada através do exame ginecológico, sendo conhecida como ectocérvice. Internamente, há uma outra camada de células epiteliais, a endocérvice, que reveste o canal cervical e é responsável pela produção de muco cervical.

A anatomia do colo do útero é importante para a fisiologia da reprodução, uma vez que ele é responsável por manter a integridade do útero e proteger o feto durante a gestação. Além disso, o colo do útero é uma barreira natural contra a entrada de micro-organismos e infecções.

A fisiologia do colo do útero está relacionada com a produção de muco cervical, que é influenciada pelas variações hormonais do ciclo menstrual. Durante a ovulação, o muco cervical se torna mais líquido e elástico para facilitar a passagem dos espermatozoides em direção às tubas uterinas. Em outras fases do ciclo, o muco cervical é mais espesso e dificulta a entrada de espermatozoides e bactérias.

Durante o trabalho de parto, o colo do útero se dilata para permitir a passagem do feto pelo canal cervical e pela vagina. Após o parto, o colo do útero volta ao seu tamanho normal e produz um muco espesso para proteger contra infecções.

A cavidade uterina é dividida em dois cornos, que se estendem a partir do istmo até as tubas uterinas. Esses cornos são chamados de "cornos uterinos" e são responsáveis por permitir a expansão uterina durante a gravidez. Na sua extremidade distal, cada corno se estreita em uma estrutura chamada "ápice do corno". A parede do útero é formada por três camadas: o endométrio, o miométrio e o perimétrio. O endométrio é a camada mais interna e é responsável pela descamação durante o período menstrual. O miométrio é a camada intermediária e é composto por músculo liso que permite as contrações uterinas durante o parto. O perimétrio é a camada mais externa e é composta por tecido conjuntivo que conecta o útero às estruturas vizinhas.

O útero é vascularizado por várias artérias que se anastomosam e formam uma rede de pequenos vasos. A principal fonte de irrigação sanguínea é a artéria uterina, que origina-se da artéria ilíaca interna. Além disso, outras artérias como a artéria ovárica, artéria vaginal e artérias cervicais também contribuem para a vascularização uterina.

Em relação à inervação, o útero é inervado principalmente pelos nervos autônomos simpáticos e parassimpáticos. O sistema nervoso simpático é responsável pela inervação das artérias uterinas e das fibras musculares lisas do útero, enquanto o sistema parassimpático é responsável pela inervação das fibras musculares do colo uterino. Os nervos também carregam informações sensoriais, permitindo que o útero detecte dor, pressão e distensão.

As principais malformações uterinas são:

Essas malformações uterinas podem estar associadas a dificuldades reprodutivas, como abortos espontâneos, parto prematuro e infertilidade. O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética. O tratamento depende do tipo de malformação e das complicações associadas.

A vagina é um canal fibromuscular elástico que se estende desde a abertura externa na vulva até o colo do útero. Tem cerca de 8 a 12 cm de comprimento em uma mulher adulta, embora o comprimento possa variar dependendo da idade, da fase do ciclo menstrual e de outras condições. É revestida por uma mucosa estratificada não queratinizada que apresenta pregas transversais, chamadas de rugas vaginais, que permitem a distensão durante o coito e o parto. A vagina é vascularizada pelas artérias vaginais, que são ramos das artérias ilíacas internas, e inervada pelo plexo hipogástrico inferior, que é composto por fibras nervosas autônomas e sensitivas.

A vulva é a região externa do sistema reprodutor feminino e é composta por diversos órgãos, como o monte do púbis, os lábios maiores e menores, o clitóris, os bulbos do vestíbulo e as glândulas vestibulares maiores e menores.

O monte do púbis é a área acima dos lábios maiores, onde cresce o pelo pubiano. Os lábios maiores são duas pregas cutâneas que protegem as estruturas internas da vulva e contêm glândulas sebáceas e sudoríparas. Os lábios menores ficam dentro dos lábios maiores e são compostos por tecido erétil, apresentando uma grande quantidade de terminações nervosas sensoriais.

O clitóris é um órgão altamente inervado e erétil, responsável pela sensação de prazer sexual feminino. Ele é formado por dois corpos cavernosos e possui uma glande na sua extremidade. Os bulbos do vestíbulo são estruturas eréteis que ficam abaixo dos lábios menores e se estendem para as paredes da vagina.

As glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholin) ficam abaixo dos bulbos do vestíbulo e produzem um muco lubrificante que é liberado durante a excitação sexual. As glândulas vestibulares menores (glândulas de Skene) estão localizadas na parte superior da vagina e produzem um fluido que ajuda na lubrificação durante a relação sexual.