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Obesidade

O hipertireoidismo é uma síndrome clínica caracterizada pela produção excessiva e sustentada de hormônios tireoidianos, resultando em um estado de tireotoxicose. Trata-se de um distúrbio endócrino que afeta diversos sistemas orgânicos e se manifesta com sintomas decorrentes do aumento do metabolismo basal e da ação direta dos hormônios na maioria dos tecidos. Embora haja sobreposição com o termo tireotoxicose – que abrange qualquer estado de excesso hormonal nos tecidos –, o hipertireoidismo caracteriza-se pela hiperfunção autônoma da glândula tireoide de forma prolongada.

As principais causas e tipos de hipertireoidismo se dividem em:

                                            Esquema anatômico da glândula tireoide e seu controle pelo eixo hipotálamo-hipófise.

Adicionalmente, outros estados de tireotoxicose podem ser observados em situações como tireoidites (que podem ter um curso transitório) e ingestão exógena de hormônio, mas estes, por sua natureza temporária, não caracterizam o quadro crônico do hipertireoidismo propriamente dito.

O hipertireoidismo apresenta variações epidemiológicas importantes, dependendo da causa subjacente. No contexto da Doença de Graves, que é a causa primária mais comum, observa-se maior incidência em mulheres, especialmente na faixa etária adulta jovem, com pico de incidência entre os 30 e 50 anos. Essa predileção feminina está ligada à maior incidência de doenças autoimunes nessa população.

Além dessas variáveis, o hipertireoidismo secundário frequentemente está associado a alterações hipofisárias. Em crianças, por exemplo, os tumores hipofisários, como os craniofaringiomas, devem ser investigados, uma vez que a presença de calcificações na sela túrcica, visualizadas em radiografias laterais do crânio, pode corroborar a suspeita diagnóstica.

A avaliação clínica do paciente com hipertireoidismo é essencial para a condução diagnóstica e para a determinação da gravidade do quadro. Os sinais e sintomas resultam da ação direta dos altos níveis de hormônios tireoidianos e do aumento do metabolismo basal.

A identificação desses sinais e sintomas, combinada com a história clínica, possibilita uma suspeita diagnóstica e orienta a solicitação de exames complementares necessários.

O diagnóstico do hipertireoidismo é fundamentado na avaliação da função tireoidiana por meio de dosagens hormonais:

           Fluxograma diagnóstico laboratorial no hipertireoidismo, indicando a sequência de dosagens hormonais e anticorpos.

É fundamental interpretar os dados laboratoriais em conjunto com os sintomas clínicos, pois quadros atípicos podem demandar testes adicionais, como o teste de supressão com TRH. Este ensaio é útil para diferenciar entre um TSHoma e a resistência aos hormônios tireoidianos, uma vez que nesses últimos há uma resposta paradoxal.

Os exames de imagem exercem papel central na avaliação funcional e anatômica da tireoide:

Exemplo de cintilografia tireoidiana demonstrando captação difusa típica da Doença de Graves versus áreas heterogêneas em bócio multinodular tóxico.

O manejo inicial do hipertireoidismo tem como objetivo controlar a hiperatividade metabólica e aliviar os sintomas decorrentes da tireotoxicose:

Após o controle clínico inicial, as opções de tratamento definitivo incluem:

A escolha da estratégia terapêutica deve ser individualizada, considerando fatores como idade, estado clínico do paciente, etiologia subjacente e presença de comorbidades. Em pacientes jovens com Doença de Graves, por exemplo, a terapia com iodo radioativo pode ser preferida, enquanto em grávidas ou mulheres em idade fértil, o gerenciamento clínico com antitireoidianos pode ser mais indicado.

Considerações Integradas e Abordagem Multidisciplinar

A avaliação e o manejo do hipertireoidismo requerem uma abordagem multidisciplinar que considere não somente os aspectos endócrinos, mas também as implicações cardiovasculares, oftalmológicas e metabólicas. A integração dos dados clínicos, laboratoriais e de imagem é essencial para delinear o perfil do paciente e orientar a conduta terapêutica.

A terapia dirigida ao hipertireoidismo deve considerar o equilíbrio entre o controle dos sintomas, a normalização da produção hormonal e a minimização dos riscos terapêuticos. Nesse contexto:

Em casos de hipertireoidismo secundário, o tratamento adjuvante com octreotide ou a intervenção cirúrgica para remoção do TSHoma deve ser considerado, especialmente quando o quadro clínico apresenta sintomatologia associada à compressão local, como alterações do campo visual e cefaleias.

O monitoramento contínuo dos níveis hormonais é indispensável para avaliar a eficácia do tratamento e ajustar a terapia conforme necessário. O seguimento envolve:

Cronograma de acompanhamento pós-tratamento para hipertireoidismo, ilustrando intervalos para exames laboratoriais e de imagem.

A abordagem a longo prazo é essencial para assegurar que o paciente permaneça estável, prevenindo tanto a recorrência da tireotoxicose quanto os efeitos colaterais de um possível quadro de hipotireoidismo pós-tratamento.